Batalha de Zalaca
Aproveito a oportunidade para dar as boas-vindas ao nosso correspondente no Sobreiro – Mafra! A participação de outras “penas” neste blogue só o enriquece e, já viram, dá-me a oportunidade de continuar nas “historietas”, sem intervalar com alguma coisa dos nossos dias.
Aqui fica o excerto prometido acerca da batalha entre cristãos e muçulmanos (não é bem assim)na Península Ibérica, a batalha de Zalaca, entre as forças de Afonso VI e os Almorávidas.
“… Afonso VI e o seu exército que se encontrava perto de Saragoça, quando soube da vinda de Yussuf, rapidamente procurou reorganizar-se, solicitou o apoio do rei de Aragão, solicitou o envio de novos contigentes de Leão e Castela e, até muitos cavaleiros do sul de França. Os dois exércitos avistam-se perto do rio de Badajoz; o dos muçulmanos ocupava na margem esquerda os campos e outeiros denominados pelos escritores árabes de Zalaca; Afonso VI acampava na margem direita. A batalha era inevitável. No entanto, os dois exércitos estiveram assim, frente a frente durante alguns dias. Eram dois exércitos poderosos “só Deus poderia contar o número de muçulmanos e que as tropas do rei de Leão e Castela subiam a oitenta mil cavaleiros e duzentos mil peões”; as forças não se poderiam caracterizar apenas como Muçulmanas de um lado e Cristãs de outro porque “Há, porém, uma circunstância narrada pelos árabes muito crível, a qual não devemos omitir; isto é, a existência de vários corpos de cavalaria cristã ao serviço de Yusuf e a de trinta mil muçulmanos ao de Afonso VI” [1]. Na manhã de 23 de Outubro de 1086, Afonso e as suas forças passam o rio. Inicialmente é um corpo de almogaures de África que fazem frente a esta ofensiva Cristã. O exército de Afonso VI divide-se em duas frentes: o rei cristão com a vanguarda, arremete contra os Almorávidas, enquanto o outro corpo do seu exército dava combate aos muçulmanos (não oriundos de África). Só Ibn Abbad e os seus guerreiros Sevilhanos ficaram a fazer frente contra eles; todos os outros emires fugiram. Por outro lado, a frente Africana começava também a recuar, Yusuf enviou as tribos berberes e as cabildas Almorávidas de Zeneta, Mossameda e Ghomera em socorro da sua vanguarda e do emir de Sevilha. Por sua vez, Yusuf acompanhado pelos lantunitas (os mais célebres entre os guerreiros almorávidas) rodeia o campo de batalha e ataca o acampamento dos cristãos. Afonso ao tomar conhecimento deste ataque, vem em socorro dos seus, abandonando o campo de batalha (foi o seu erro, o combate estava quase vencido) [2]. Yusuf esperava por ele, e por outro lado os muçulmanos, a quem Afonso tinha virado as costas no campo de batalha, animados com a ideia de que era uma retirada das forças cristãs, atacam também Afonso, e como agravante, as forças muçulmanas que tinham retirado no inicio dos combates, regressam nesta altura e entram no confronto também. Afonso não cedeu, mas por fim, ferido ele próprio, foi obrigado a fugir. Acompanhado apenas de quinhentos homens, é perseguido pelos Almorávidas, que ainda lhe reduzem o número de homens. Só a noite veio a salvar o rei Cristão. Afonso VI acaba assim por sofrer uma dura derrota, e Yusuf após esta vitória regressa ao Norte de África, na mesma noite da batalha, por ter recebido a notícia da morte de seu filho mais velho, em Ceuta.” In História de Portugal de Alexandre Herculano