Transportes Públicos e Falta de Educação
Ao ler o último post deste blog, veio-me à ideia, como é andar de transportes públicos aqui no concelho.
E, quando falo em transportes públicos, falo sobretudo em camionetas, apelidadas aqui de “carreiras”, porque quanto a outros transportes públicos, ou não existem de todo, ou mal se vêm (e ouvem), como é o caso do comboio.
A “carreira”, por estes lados, é algo pouco visto, fora das horas chamadas de”ponta”. Portanto, apanhar um transporte destes para fazer um percurso de quinze minutos, tratar do que se tem a tratar em meia-hora e depois ficar à espera duas horas para regressar, torna-se pouco apelativo. Daí ter um carro, por muito velhinho que seja, nesta zona, é indispensável. Mas disso, falarei num próximo post.
Ao contrário do que se passa nos “subúrbios” de Lisboa, aqui torna-se interessante recorrer à “carreira”, quando se vai para fora do concelho.
Geralmente são viagens demoradas, mas confortáveis (ninguém pode ir de pé, muito menos tipo “sardinha em lata”); com um bocado de sorte, o motorista até tem bom gosto e leva o rádio sintonizado num posto que passa música gira…Não se pode dizer que seja barato, mas da maneira como estão as coisas, também já foi mais barato circular em Lisboa, nos transportes públicos.
Medo também não me parece que seja algo que assalte quem circula nestes transportes ou os motoristas.
Há no entanto uma coisa que pode acontecer. Se por acaso, a “carreira” em que circulamos apanha os mais miúdos e até mais graúdos a sair das escolas, a viagem, enquanto estes não saem (o que vai acontecendo nas paragens mais próximas a seguir), torna-se um bocado insuportável. E não é por causa da alegria própria da juventude. Se fosse isso, até podia tornar-se contagiante e isso era bom. O problema é mesmo a falta de educação destes mesmos jovens. Ora são mochilas a ocuparem os lugares reservados às pessoas (que não saem do sitio de maneira nenhuma, nem que uma velhinha de noventa anos precise do lugar), ora são gritos despropositados, ora são palavrões (muitos), ora são pontapés nos assentos…
Às vezes, um motorista mais corajoso, levanta a voz, manda-os estar sossegados e ameaça pô-los lá fora…Durante um bocado resulta, depois volta tudo ao mesmo.
Como já disse, o motorista não insiste e não me parece que seja por medo, mas porque certamente acha que não deve ser ele a dar educação a estes jovens, mas sim os papás e as mamãs que estão em casa convencidos que os seus filhos, são uns “anjinhos”!
Por: Correspondente no Sobreiro - Mafra