Raimundo e Henrique (de Borgonha)
Apenas uns “parênteses” para explicar um pouco a razão destas “aulinhas” de História (Enfim, mas quem sou eu para as dar?). Em primeiro lugar, o objectivo principal é “pegar” nas origens da Ordem do Hospital, de modo a cruzar essa Ordem com a História do casal de São Brás. Por isso começo em 1048, data em que “surge” essa Ordem (ou o “embrião”) em Jerusalém. Paralelamente, procuro seguir outro “fio condutor”, ou seja, acompanhar cronologicamente, esses momentos da História internacional da Ordem do Hospital, com o que se ia passando aqui na Península Ibérica e, eventualmente, encontrar pontos de ligação entre esses dois percursos. Por outro lado, aproveito a ocasião para relembrar (a quem já o sabia) que Portugal, não começou propriamente com o 1º rei, com Afonso Henriques. Pois já existia um “trabalho” feito por “protagonistas” anteriores, que acabaram por ser “ofuscados” pela importância que se dá na História a Afonso Henriques (embora, esta não esteja em causa).
Nota: Quanto ao parentesco de Raimundo e Henrique, se Sibila de Barcelona e Sibila da Borgonha, foram a mesma pessoa e se prevalecer a última designação, esta era irmã do pai de Raimundo e seria a mãe do conde Dom Henrique, daí o parentesco de “primos”. Porém, Sibila de Barcelona ou Sibila da Borgonha, talvez não tivessem sido a mesma pessoa, portanto, quem foi a mãe do conde Dom Henrique, uma ou outra? Se alguém puder e quiser fazer luz acerca deste assunto, aceito de boa vontade a “ajudinha”!
1096 - Inicio de las grandes persecuciones de judíos.
1098 - Orden del Císter.
1099 - Toma de Jerusalén por los Cruzados.
1099 - Finaliza la I Cruzada.
1099 - España Cristiana: Fallece el Cid Campeador.
1097 – Tomada de Niceia, pelos cruzados
1097 – Vitória dos cruzados francos em Dorileia
1098 – Tomada de Antioquia, pelos Cruzados
1099 – Conquista de Jerusalém, pelos Cruzados
1ª Cruzada (1096 – 1099), alguns participantes (do lado cristão)
- Ademar de Monteil, legado papal e bispo de Le Puy; Raimundo IV conde de Toulouse (1041 ou 42 – 1105), participou igualmente na reconquista da Península Ibérica, casou com uma filha de Afonso VI, uma irmã de D.ª Teresa (mãe de Afonso Henriques); Buemundo de Taranto (1058 – 1111); Godofredo de Bulhão (1058 – 1100); Eustácio III, conde de Bolonha; Balduíno de Bolonha; Roberto II conde da Flandres; Hugo I de Vermandois (irmão do rei de França, Filipe I); Roberto II duque da Normandia (irmão do rei de Inglaterra, Guilherme II) e Estevão II conde de Blois.
Raimundo e Henrique (de Borgonha), a sua chegada à Península Ibérica.
“ … A Galiza, incluindo debaixo desta denominação a extensa província portugalense a que naturalmente se devia considerar como incorporado o território novamente adquirido no Gharb muçulmano, constituía já um vasto estado remoto do centro da monarquia leonesa (…) Afonso VI pôde evitar esse
risco convertendo toda a Galiza, na mais extensa significação desta palavra, em um grande senhorio, cujo governo entregou a um membro da sua família, ao qual dera o governo de Coimbra e Santarém logo depois da conquista desta, removendo para o distrito de Arouca Martim Moniz e sujeitando ao novo conde o governador de Santarém, Soeiro Mendes.
O príncipe a quem Afonso deu o regimento desta importante parte da monarquia era um estrangeiro, mas estrangeiro, ilustre por sangue, que viera naturalizar-se na Espanha, arriscando a vida pelo cristianismo e pela monarquia leonesa na terrível luta que durava havia séculos sobre o solo ensanguentado da Península. Raymond, Reimondo ou Raimundo, filho de Guilherme, conde da Borgonha, tinha vindo a Espanha tempos antes, porventura nos fins de 1079 ou princípios de 1080, em companhia da rainha Constância, segunda mulher de Afonso VI, ou no ano de 1086, em que, segundo o testemunho da Crónica Lusitana ou dos Godos, muitos franceses passaram os Pirenéus para a batalha de Zalaca, ou, finalmente, ainda depois, como outros pretendem. O rei de Leão desposou a única filha legítima que tinha, Urraca, havida da rainha Constância, com o conde borgonhês, posto que ela apenas saísse da infância, e encarregou-o do governo de toda a parte ocidental da monarquia e da defensão daquelas fronteiras. A infanta, cuja idade nessa época (1094) não podia exceder a treze ou catorze anos, foi entregue a Raimundo, mas, segundo parece, debaixo da tutela e guarda do presbítero Pedro, mestre ou aio da jovem princesa. Além de Raimundo, outro nobre cavaleiro francês passara à Espanha naquela época. Era Henrique, seu primo, de ascendência não menos ilustre que ele (…) e que provavelmente veio com Raimundo, seu primo co-irmão. Buscavam, porventura, fortuna na Península, onde no meio de contínuas guerras e conquistas se oferecia amplo teatro para a ambição e para o desejo de adquirir glória. Do mesmo modo que as acções de seu primo, as de Henrique, nos primeiros tempos em que residiu aquém dos Pirenéus, jazem sepultadas em profundas trevas, se é que não foi o principal motivo da sua vinda, como há quem o pretenda acerca de Raimundo, procurar um consórcio ilustre por intervenção da rainha Constância, sua tia. Em tal caso essa vinda seria pouco anterior à época em que o obteve. É certo, porém, que no princípio de 1095 Henrique estava casado com Tarasia ou Tareja (Teresa), filha bastarda de Afonso VI, que, além de Elvira ou Geloira, aquele príncipe houvera de uma nobre dama chamada Ximena Nunes, ou Muniones (…)é que Henrique começou a governar o território portugalense ainda, talvez, nos fins de 1094, ou princípios de 1095, e com certeza, pelo menos o distrito de Braga, nos primeiros meses deste último ano, como conde dependente de seu primo. Por mais curto que suponhamos esse período de sujeição; por mais raros que sejam os vestígios de tal sujeição, ela é indubitável.” In História de Portugal de Alexandre Herculano