Despejo
Eu sei que tinha prometido voltar a focar-me em notícias locais, contudo, dadas as circunstâncias e, até porque vem a propósito, até porque vem mais ou menos como uma continuidade infeliz do post anterior, passo a relatar um facto individual, mas muito generalizado ultimamente neste país e não só.
Quem no seu “confortável” conforto (passe a redundância propositada) já não está “enfadado” de ouvir histórias da desgraçadinha? Pois bem, peço desculpa aos eventuais “enfadados” leitores, mas aqui fica mais uma história entre muitas, só que esta diz-me mais, é com “os outros”, só que para mim “os outros” não são uns “outros” muito afastados, antes pelo contrário, não podiam ser mais próximo.
Num hospital em Lisboa, o marido aguarda na sala de espera pela mulher que, entretanto estava a ser sujeita a uma pequena intervenção cirúrgica, uma pequena etapa de um calvário que ainda vai a meio e que resultou de uma operação anterior mal sucedida, ou no mínimo, com consequências mais que colaterais, mas como eu estava a dizer, o marido aguardava na sala, quando recebe uma chamada “simpática”, estão à porta da sua casa para os despejar.
Diálogo ao telefone (mais ou menos)
Marido:
- Mas eu estou em Lisboa, estou no hospital com a minha mulher, ela está a ser sujeita a uma intervenção cirúrgica!
“Despejadores”:
- Não queremos saber nada disso. Ou está aqui para nos abrir a porta ou arrombamos a porta para entrarmos e para despejar o conteúdo.
M:
- Mas, mas, o que vão fazer às nossas coisas?
D:
- O senhorio disponibilizou um armazém. (O mesmo será dizer que vai ficar com as coisas)
M:
- Calma, calma, a minha mulher deve estar a sair (se tudo estiver a correr bem) e, ao sair se não me vir aqui, vai ficar preocupada, mas enfim, eu vou para aí (para Mafra), têm é que esperar cerca de uma hora, o tempo de chegar, pois estou em Lisboa.
D:
- Ok. Esperamos por si, esperamos1 hora.
Dentro dessa hora, o marido, lá chegou e, já tinham entrado dentro da casa, já andavam a “espiolhar” a intimidade de um lar!
Por milagre, este marido e a sua mulher, lá acabaram por ficar com as suas coisas.
Enfim, saíram de manhã, rumo a Lisboa, rumo a um hospital, ainda com um lar e, pela noite (duas da manhã), estavam a entrar num “abrigo”, ou albergue, ou lá como lhe queiram chamar, a 40 quilómetros de distância de onde viviam, com a vida de pernas para o ar (ou ainda mais de pernas para o ar que o habitual).
Não querendo aqui fazer o papel de advogado dos alegados inquilinos maus pagadores, pois as regras são para se cumprir e blá, blá e mais blá, blá, que nome se pode dar a este comportamento, que de humano não tem nada? De um momento para o outro querer deixar alguém apenas com a roupa que tem no corpo?
Não sou de rogar pragas, contudo, aqui deixo um pequeno desejo: Que este tipo de gente tenha tanta sorte como aquela que os seus inquilinos têm tido, principalmente com a ajuda que estes lhes proporcionam, o empurrãozinho que falta para o abismo!!
Bom, se as “redes sociais” têm alguma utilidade, para lá do “entretém”, no topo deste blogue está um e-mail, apesar de estar a meter a foice em seara alheia e, como sei que os “despejados” (que nome tão feio), de facto precisam de uma casa, mas mais ainda de um emprego para a manter, de preferência na zona de Mafra, aceitam-se propostas. Obrigado!