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Correspondente no Casal de S. Brás

Objectivo: ”coscuvilhar” assuntos aqui da terrinha e arredores.

Correspondente no Casal de S. Brás

Objectivo: ”coscuvilhar” assuntos aqui da terrinha e arredores.

Meus ricos Cafés de outrora

correspondente, 05.12.19

Todos os cinquentões devem ter estes desabafos.

 

Mas, de facto, não tenho paciência.

 

Passa das duas e meia da tarde, é certo, é um dia útil da semana, mas o Café, metade dele, ainda está reservado para refeições. Resta a outra metade, por acaso, ou não, está vazia.

 

Ora muito bem. Vamos a isso. Sentarmo-nos um pouco. Beber qualquer coisa. Pôr a conversa em dia com um amigo de longa data que já não víamos há algum tempo.

 

O serviço à mesa foi rápido. Do lado das refeições o ruído não é muito. Ainda bem. Estão reunidas as devidas condições para uma profícua “converseta”.

 

Mas, uns minutos decorridos, uma família, não muito numerosa, constituída por três ou quatro pessoas, claro está, com a inevitável criancinha, centro de todas as atenções, ocupa a mesa atrás de nós.

 

Um chinfrim pegado. O Café é todo deles.

 

Esta gente não sabe o que é viver em sociedade. Não lhes deram educação e, portanto, também não a estão a dar.

 

Foi pedir a continha e, abandonar a coisa, tomada por aqueles trogloditas, rapidamente e em força!

 

Para agravar. Na rua, apercebemo-nos de que as nossas roupas adquiriram, naquele Café/Restaurante, um desagradável cheiro a fritos (que mesmo depois de uma primeira lavagem persiste).

 

Conclusão. Clientes da treta num Café não menos qualificável. Conversinhas, de futuro, em casa, com dois cafés bem tirados na máquina. Fica mais baratinho e mais “confortável”!

Ascensão meteórica

correspondente, 21.11.19

- Não é residente em Lisboa, são 10 euros!

 

De um “sem-importância” morador nos subúrbios, na Amadora, nos subúrbios da Capital, num ápice, subi no elevador social, quando me disseram isto. Passei dessa categoria, a uma muito mais elevada, a de um “turista-a-espremer”, numa visita recente ao Castelo de São Jorge!

 

Isto já é muito mau, cobrar, este valor, por meia dúzia de passos dados naquele espaço, ou pela vista, possível de vislumbrar, daquele miradouro sobre Lisboa, aos turistas, aos que visitam esta cidade vindos de fora, leia-se, de outros países, mas ainda é pior a quem o visita, vindo, de meia dúzia de quilómetros de distância!

 

Por mim, foram os primeiros, os únicos e os últimos 10 euros que, não paguei, mas que me iriam pedir em muitos e muitos anos!

 

Deixemos a galinha dos ovos de ouro sossegada e, para quem pode, ou para quem, por enquanto, anda de olhos fechados e paga tudo sem pestanejar!

Rua Fresca

correspondente, 23.10.19

Não fica em São Brás. Mas em qualquer lugar existirá uma.

 

Há dias, com o intuito de dar a conhecer a quem não é de cá, a Lisboa que eu tão bem conheço, ou conhecia, fui, acompanhado, percorrer as ruas que, anteriormente, há muitos anos, me levavam ao local do meu primeiro emprego, a rua Fresca.

 

Com os meus dezasseis anos, da Damaia chegava à estação do Rossio, de comboio, este quase sempre cheio, portanto, vinha no meu lugar habitual, meu e de muitos, nos degraus das portas, que davam acesso às carruagens, portanto, literalmente, do lado de fora do comboio.

 

Saía cá de cima, na estação, direito à calçada do Carmo, passava em frente ao quartel, metia ali por uma rua e outra, passava por detrás do Hotel Borges e, rapidamente, estava a passar entre as duas igrejas, antes do largo do Camões, rumo à calçada do Combro.

 

Um ano antes ou dois, os meus pais, à semelhança do que já vinham fazendo com a minha irmã, como achavam e, bem, que quase três meses de férias de Verão, da escola, era demasiado, propunham-nos, que é uma maneira leve de dizer obrigavam-nos, a ir trabalhar na empresa onde trabalhava o nosso pai, os Armazéns Conde Barão, durante aí uns dois meses desses três de férias. Eu ia para a loja de móveis e alcatifas, que ficava, na já citada rua, a rua Fresca. Estava debaixo de olho do meu pai. A loja ficava por baixo da fábrica de confeções, onde ele era o alfaiate e encarregado. No edifício, ao lado da fábrica ficavam também os escritórios.

 

No segundo ano, destes trabalhos forçados, nas férias, durante a altura em que eu estava pela loja, num desses dois meses, a esforçar-me para vender alguma coisa, mas a ser mais útil, apesar da minha fraca figura, dos meus 55 quilos, mesmo assim, como ajudante, na distribuição, ou como ajudante do carpinteiro ou dos alcatifadores, surgiu uma vaga no escritório, para paquete, estafeta, moço de recados, enfim como queiram chamar. O convite do chefe de escritório foi-me feito, um convite que hoje desconfio, ou tenho quase a certeza, de que deve ter tido o dedinho, ou cunha, do meu pai, mas que eu, de imediato, aceitei sem pestanejar.

 

Trabalhei cinco anos ali. De estafeta, da rua, passei, um ano depois, lá para dentro, do escritório, para caixa na tesouraria. Contava todas as notinhas e moedas, diariamente, vindas das diversas lojas que a empresa tinha. Depois levava tudo, numa malita, a pé, ou de transporte público, para um banco, ou para algum ali perto, ou para outro mais afastado, era onde elas, as notinhas, estavam a fazer mais falta, nas contas da empresa. Feita esta tarefa diária, o regresso ao escritório, de mala vazia, mais descontraído, era demorado, muito demorado, muita rua, por ali e, não só, percorridas a passo de caracol.

 

Assim, há dias, o início do passeio, não foi a estação do Rossio, mas a estação de METRO no Chiado mas, meia dúzia de passos dados, estávamos, ali, entre as duas igrejas e, no percurso original. Largo do Camões, calçada do Combro, um pequeno desvio ao miradouro de Santa Catarina, novamente, calçado do combro e, pouco depois, na rua Fresca.

 

Andamos por ali, pela rua poço dos negros, rua dos mastros, direitos ao largo, Conde Barão. A Loja, a principal, ao abandono. Rua da Boavista, São Paulo, uma olhadela à Ribeira, rua do arsenal e, na praça do Comércio, Metro, rumo aos subúrbios novamente.

 

Há alguns anos já tinha voltado à rua Fresca. Ia à procura de sardinhas assadas, ao Silva, tantas que ali tinha comido, mas apenas comi, desolado, eu e um colega meu, desviado, por mim, nessa altura, para esse meu regresso ao passado, umas batatas fritas e umas costeletas de porco, descongeladas à pressa e fritas, este, um prato feito apenas para nós, os únicos clientes, excepto, os velhos do dominó, os mesmos, se calhar, dos meus 16 anos.

 

Contudo, desta vez sim, ao chegar ao topo da rua Fresca, com os meus 52 anos e, de repente, vi, imaginei, a azáfama desses tempos, dessa empresa, as costureiras, nas suas batas azuis, a saírem ou a entrarem, na hora do almoço, ou nos intervalos da manhã ou da tarde, da fábrica, o meu pai, eu, com 16 anos, os meus colegas do escritório, todos por ali, ou a tasca do Silva cheia, agora sim, percebi, já passaram muitos muitos anos desde esses tempos.

Bloqueado

correspondente, 30.12.17

Creio já ter escrito algo sobre isto mas como se repete aqui fica o sucedido.

 

A “crise” realmente aconteceu. Um dos meus “barómetros” para lhe tomar o pulso é a utilização do automóvel. Não há dúvida, esta, aumentou. Outro modo de “medir” o fim da crise são as saídas nocturnas. Não saio muito (ou nada) à noite mas pelo movimento, mais uma vez, do tráfego automóvel, durante a noite, mais às sextas-feiras e Sábados, dá para perceber isso, de que a crise ficou lá para trás.

 

E este preâmbulo todo para contar um episódio que até parece nada ter a ver uma coisa com a outra.

 

Há algum tempo que isto não acontecia. Aconteceu há dias. Esteve alguém, bem por baixo da janela do meu quarto, a tocar a buzina do seu carro, talvez uma meia hora, de manhã, entre as seis e picos e as sete e tal. Primeiro uma buzinadela de quando em vez e, à medida que o tempo ia passando, sem qualquer resultado, mais furiosamente. Estava bloqueado. Não conseguia sair. Alguém tinha chegado tarde, deixou o seu carrinho a bloquear a saída de outros e, sem preocupações, foi dormir o sono dos justos.

 

Quando eu estudava à noite, quando vinha da escola, mortinho por me enfiar na cama e, depois de dar várias voltas às redondezas (alargadas) á procura de estacionamento em vão, de facto, acabava por estacionar a atrapalhar a saída de outro. Outro escolhido a dedo. Estacionava perto de casa, normalmente, a “tapar” um automóvel cujo dono eu conhecia (bem como as suas rotinas matinais que seriam, em princípio, depois das minhas) mas, mesmo assim, dormia de ouvido à escuta, pronto a ir tirar o carro, caso fosse preciso, num ápice e, também pronto para apresentar as minhas desculpas pelos escassos minutos que esse meu vizinho tinha eventualmente esperado para eu o desbloquear.

 

Um vizinho que trabalhava de noite, quando chegava de manhãzinha, sem lugar para arrumar o carro e, imagino, morto de sono, arrumava atrás do meu, nunca combinou nada comigo, mas sabia que eu conhecia o carro e que a esposa, entretanto já a pé, vinha tirar o carro. Ela ou estava de olho quando me via sair, ou então eu mesmo tocava na campainha para avisar. Não esperava mais que uns minutos. O tempo necessário para ela descer as escadas. Compreendia a situação e não lhes levava a mal.

 

Hoje, observando estes comportamentos de “reizinhos”, não tenho dúvida, eu e esse meu vizinho, cheios de cuidados, fomos uns parvos.

 

Estes reizinhos nem uma buzinadela merecem. Perde-se o mesmo tempo, ou mais, mas que tal ligar logo para a polícia? Dar conta da situação. Outro carro está a bloquear o nosso. A impedir de irmos “à nossa vidinha”!

 

Voltando ao início do texto, isto acontece, provavelmente, apenas porque a dita crise acabou (ou está adormecida), apenas porque já temos uns troquinhos para dar de beber ao bólide (e para matar também a nossa sede e para sair à noite mas, em contrapartida, temos muita falta de respeito pelos outros!

 

IPSS

correspondente, 12.12.17

A minha experiência pessoal no que respeita a este tipo de Instituições, ou até mais genericamente, quanto à acção social, na Amadora, quanto aos serviços prestados, quanto à “mão-de-obra”, aquela que “dá a cara”, tirando um pormenor ou outro, nada tenho a apontar, mas já quanto às “relações contratuais”, têm sido pontuadas por injustiça e “desgaste” permanente na defesa dos meus pontos de vista.

Neste preciso momento encontro-me numa “luta” contra uma cláusula de pré-aviso “intransigível”, de reclamação em reclamação, de argumentação a contra-argumentação.

Como eu compreendo a pessoa que quis expor o que se passa na associação que agora anda na boca, não do mundo, mas de Portugal, pelas piores razões. Parece que andou de “seca a meca”, fez uma (ou mais) exposição para a Segurança Social, mais tarde para o ministro que a tutela, depois, talvez, não sei, para o primeiro-ministro e, finalmente para o Presidente da República. Parece que em vão (se excluirmos uma suposta inspecção que se arrastava desde Julho). Pelos vistos recorreu à comunicação social e, para já, funcionou. Temos algumas Instituições envolvidas, os titulares dos cargos máximos delas, a se justificarem e também a pedirem/comunicarem a abertura de investigação, de inspecção.

Ao ouvir o Presidente da República não negar ter tido conhecimento da exposição/denúncia, esta enviada, em desespero de causa, sem respostas das outras instituições, dizer que não era nada em concreto e que só teve conhecimento do que se estava a passar, como todos os portugueses, pela notícia televisiva, de há dois dias, dá para perceber que não vale a pena passar por esse longo percurso de “seca e meca” para qualquer assunto, o melhor é logo atalhar e recorrer à comunicação social. Se o senhor Presidente recebeu algo e não era nada de concreto, enfim, não seria melhor procurar saber mais pormenores, procurar esclarecer a denúncia, procurar mais qualquer coisa de concreto? Que diabo, o senhor Presidente não é o super-homem, não tem que estar em todo o lado a defender os “oprimidos”, não senhor, mas para que servem os seus colaboradores?

Voltando ao início, IPSS, um dos S significa solidariedade, entre outros significados, um sentimento de prestar auxílio a alguém, algo que por vezes parece esquecido pelas pessoas que estão à frente das mesmas, na ânsia de em tudo dar um cariz empresarial, o que é de louvar, o de tentar gerir de forma profissional, mas uma Empresa é uma Empresa e uma IPSS é outra coisa, para já não falar que muitas delas estão ligadas á Igreja, ligadas a valores, pelo menos na teoria, que não são de todo compatíveis com valores de “vendilhões”.

Para mim o “pecado original” das IPSSs está no “sem fim lucrativo”, que na sua génese tem um bom princípio, contudo, na prática, não se ter lucro, pode constituir uma tentação “desviante”. Usar verbas não para os fins a que se propõe a Instituição, mas em outros gastos. Tudo isto pode e deve ser evitado com uma fiscalização eficaz. É feita? Deixo a pergunta.

A periferia mais que periférica das Autárquicas

correspondente, 02.10.17

Hoje, pela manhã, depois de umas eleições para o poder local, ao ouvir os noticiários, como morador na Amadora, uma cidade mesmo al lado de Lisboa, que em termos de eleitores, não sei, mas deve estar para Lisboa, mais ou menos, como David e Golias, neste capítulo, em termos de números de eleitores, cabendo à capital o papel de David, ao não ouvir qualquer referência a esta cidade, à Amadora, começo a perceber o sentimento de muitos em relação à importância excessiva que se dá à Capital do país.

Quando todos falaram, inclusive, durante a campanha eleitoral, de uma “fuga”, dos poucos lisboetas que na Capital ainda moram, da sua cidade para os chamados subúrbios, agora pela pressão turística, quando há muito se dizia que Lisboa era uma cidade de serviços e comércio, sem habitantes, quando se afirmava que no centro histórico não habita ninguém, é certo que, mesmo não habitando ninguém, ou habitando estrangeiros, as habitações a alguém pertencerão e, portanto os proprietários destes imóveis, caso sejam portugueses, pessoa singular e mantenham domicílio na Capital, estes, claro, segundo creio, terão direito de voto e interesses a defender na cidade, contudo, numas eleições autárquicas, na medida em que está em causa, isso mesmo, apenas e só, o poder local, não percebo a importância que se dá aos eleitos numa cidade sem habitantes, em detrimento, de cidades vizinhas, estas sim, pelo menos, em número de eleitores, bem mais importantes. Para cúmulo, no que respeita à Amadora, cidade “nascida” de Oeiras, nestas eleições, Oeiras também é notícia garrafal.

Os novos vizinhos

correspondente, 24.09.17

Escrevo estas linhas em jeito quase de nota de rodapé. Apenas para registar uma constatação. De há cerca de 10 a 8 anos para cá, são mais as vezes que, ao sair ou ao entrar em casa, quando me cruzo com algum vizinho, este vai acompanhado por um ou mais que um cãozinho. Moro aqui há duas décadas. Inicialmente estes meus vizinhos de quatro patas, não sei bem, mas seriam a companhia de 20% dos moradores deste prédio? Talvez. E não mais que um por família. Agora, não devo errar muito, talvez sejam 70% e, mais que um por família, em alguns casos. Não devo estar errado também quanto ao que dizem os estatutos do condomínio no que se refere a animais neste prédio. Não devem autorizar. Mas também isso é irrelevante. Se contar apenas uma maioria simples. Os donos dos ditos animais estarão sempre a favor numa eventual votação nesse sentido. O que me preocupa é, num futuro próximo, por este andar, quando entrar ou sair de casa, constatar que apenas tenho vizinhos de quatro patas no prédio. Tal é a apropriação do espaço.  

Elevadores&Vizinhos haja paciência

correspondente, 29.08.17

Há uns anos, um certo dia, mais propriamente, uma certa madrugada, estava eu ferrado no sono, acordei sobressaltado ao som de batidas insistentes na minha porta e diversos toques na campainha. Aos tropeções, lá fui, lá fui ver onde era o “fogo”. Abri a porta e tinha uns dois ou três vizinhos, em pijama e afins, do outro lado da porta a olhar para mim.

- Estão vizinhos presos no elevador. Não ouviu o alarme? Tem consigo a chave para abrir a porta do elevador?

Perguntou-me um deles (ou terá sido todos ao mesmo tempo?).

Na altura eu era um dos administradores do condomínio. O outro, não sei porquê, escapava sempre a coisas deste género.

Ainda a dormir em pé, fui lá acima, à sala do condomínio, do rés-do-chão ao 8º andar, se calhar a pé, não fosse o outro elevador avariar também, procurar, nas gavetas da secretária, a dita chave.

Numa “romaria” fomos todos até ao andar onde estavam os “encarcerados”. Olhei, através do vidro da porta, para dentro e, lá estava a família toda do andar X, a olhar para mim, a espreitar de cima para baixo, dentro de um elevador imobilizado mais ou menos entre um andar e outro. Abri a porta, eles foram saindo, obrigados a dar um pequeno salto para o patamar, mais brancos que o normal, iam agradecendo a todos e iam descendo a escada rapidamente e, lá fiquei eu a segurar a porta do elevador, tipo porteiro, por acaso ou não, sendo apenas a mim a única pessoa a quem, a família agradecida, acabou entretanto por se esquecer de agradecer o incómodo.

Uns dias entretanto decorridos e ainda fui criticado porque deveria ter feito o que fiz mas primeiro devia ter cortado a energia.

Meses depois, abria eu uma carta para a administração, era uma factura da empresa responsável pela manutenção dos elevadores e, ao ler os itens da mesma, dei por mim a “amaldiçoar” os meus vizinhos, os protagonistas deste episódio para o madrugador, não é que, o item, piquete 24 horas por dia, para desencarceramento, sempre ali esteve, sempre fez parte do total que a empresa facturava, por isso mesmo, ou também por isso, é que o número de telefone da mesma, ali estava, numa chapinha, ali dentro de cada um dos elevadores.

Mais de 10 anos depois, nada mudou, oiço o alarme de um dos elevadores, confirma-se, está alguém dentro do elevador fechado. Até essa altura ninguém, pelos vistos, deu pelo toque do alarme, mas entretanto, a confusão instalou-se totalmente, vem um, vem outro e, cada um dá a sua opinião. Ainda sugiro que se ligue para o número da chapinha, mas nada, o melhor é “chatear” a administração, ou tentar abrir a porta de forma “artesanal”, desisto, vou dar uma voltinha para “esvaziar” a pressão, volto, entro dentro de casa, ao som do que parece ser marteladas na porta do elevador, mas quero acreditar que, devem ser pura imaginação minha e, decorrido algum tempo, as imaginárias marteladas param, o imaginário martelo e companhia, devem ter milagrosamente desaparecido, pois lá apareceu, talvez, o piquete, que alguém acabou por chamar e, lá são finalmente “resgatados” os espectadores à força, do lado de dentro de um elevador, disto tudo.

 

Sinais dos tempos

correspondente, 09.10.16

Hoje, à semelhança de ontem, não sei porquê, acordei eram cerca das 5 da manhã. Hoje, à semelhança de ontem, como entretanto já não adormeci, primeiro vou ouvindo os passarinhos e, perto das 6 e meia, hoje, tal como ontem, ouvi, não muito alto, é certo, mas bem audível, ainda naquele silêncio matinal, ouvi vozes, creio dentro de um automóvel, a falarem numa língua incompreensível para mim, talvez em dialeto crioulo. Qualquer passagem do chilrear dos passarinhos para vozes humanas, não só mas também, nessa altura do dia, fere os ouvidos, mas para crioulo, ainda é mais estranho. Até porque, com toda a certeza, eram vozes de jovens, de jovens nascidos aqui, portanto, na teoria, tão portugueses, tão portugueses como eu. Creio que não sou racista. Acho bem que oriundos de outros países e a sua descendência, apesar de estarem longe das suas origens, de certo modo, procurem preservar e transmitir essas mesmas origens. Contudo estão noutro país, se geração após geração de residentes nesse país, mantém, por exemplo, um modo próprio de falarem entre si, isso apenas prova que não existe nenhum esforço de integração ao país de acolhimento e posteriormente de nascimento.

A coisa torna-se complexa, em qualquer dos casos, se estamos a falar de uma minoria, ou já nem por isso, se já estamos a falar de uma maioria em alguns locais, pois, nestes últimos, a coisa, involuntariamente, é certo, fica com certos contornos de “invasão”. O equilíbrio, no mínimo, seria o mais desejável.

Há dias assisti a um jogo entre equipas de jovens, algumas eram equipas de “bairro”, das quais, uma delas, o DGC (Damaia Ginásio Clube) eu conheço há anos. Há cerca de 35 anos, numa equipa de futebol salão, não existia um jogador de origem africana, pelo menos de cor não existia. Nesta equipa, na actual, de futebol sete, em sete jogadores em campo, cinco tinham estas características. Não está em causa o valor nem a legitimidade dos mesmos. Apenas reflete os sinais dos tempos. Nem 8 nem 80. Um maior equilíbrio na composição desta nossa sociedade, na minha opinião, seria mais interessante, no presente e no futuro, apenas e só isso.

Portas invisíveis

correspondente, 04.08.16

40 e tal anos depois, segundo parece, a câmara da Amadora, descobriu que estão ali, na praceta Luís Verney, na Damaia, umas portas, umas portas que sempre estiveram durante estes anos todos, umas portas que dão acesso a uma ou outra fracção, uma ou outra fracção de 3 ou 4 prédios, descobriu em primeiro lugar, as portas propriamente ditas e, depois descobriu que as portas não são legais.

Agora, segundo parece, ou os proprietários legalizam as portas ou voltam a colocar tudo como estava, como estava há 40 e tal anos atrás (uma tarefa um pouco difícil, não? Já nem devem existir os materiais utilizados na época).

Qual é o problema das portas? Colocam em risco a estrutura dos prédios? Bom, se colocam, pelo menos, os prédios aguentaram mais de 40 anos, aguentaram sem abanar muito, não?

Curiosamente, por exemplo, há uns anos, pelo menos um dos prédios, teve “uma lavagem de cara”, segundo parece, com a “ajuda” da cma. Mas ninguém viu as portas invisíveis, portas, que por sinal, segundo creio, também tiveram direito “à lavagem de cara”.

Conclusão: Se o problema fica resolvido “apenas” com a legalização das ditas portas, se não fazem “estragos” agora, como não fizeram durante estes anos todos, parece que o problema se traduz apenas em arrecadar mais algumas moedas para os cofres da autarquia. Quanto a isso, nada a apontar, antes pelo contrário, pois, assim, uma autarquia mais “endinheirada”, em princípio, irá utilizar esses cofres cheios em benefício de todos, em benefício do concelho.

Pena é que para descortinar algo errado, algo ilegal, algo que tem que ser rapidamente corrigido, neste caso em particular, tenha demorado mais de 40 anos.