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Correspondente no Casal de S. Brás

Objectivo: ”coscuvilhar” assuntos aqui da terrinha e arredores.

Correspondente no Casal de S. Brás

Objectivo: ”coscuvilhar” assuntos aqui da terrinha e arredores.

Saloio&Herdeiros, limitada

correspondente, 16.01.15

Boas notícias. Aqui, algures, no casal de São Brás, está para ficar “de pedra e cal” o famosíssimo cacto Saloio. Na sua última crónica, este, em jeito de pedido de socorro, escrevia no blogue, que é como quem diz, gritava aos quatro ventos, para que uma alma caridosa o socorresse do seu dono e do seu regador, uma alminha que tivesse pena dele e o salvasse desse permanente diluvio, caso contrário, não iria durar muito mais tempo.
Entretanto os dias foram passando, devagar, devagarinho, foi-se entrando no Inverno e, apesar, de lá fora, o tempo ir fazendo as suas caretas, nalguns dias chovia, noutros (a maior parte), ia estando muito frio, mesmo assim, apesar da invernia, cá dentro, a rotina era a mesma, água para cima do cacto.
O doido do dono já tinha reparado que aquela planta não estava com muito bom aspecto. Tinha umas folhas a cair. Será falta de água? Lá ia mais água. Mas de repente, esta, não aguentando mais, desistiu e, em meia dúzia de dias, perdeu quase a totalidade das suas folhas e o seu tronco ficou muito frágil. Era o adeus. Aliás, este, ia mais descansado, já tinha visto que ia deixar descendência. Pois, em tempos idos, o amalucado do seu dono, num gesto desajeitado, tinha-lhe partido umas folhas, mas, num rasgo de lucidez, em boa hora, pegou nessa “haste” e, zás, a haste foi parar noutro vaso e, no meio de tanta “insanidade jardineira”, não é que o “rebento” pegou mesmo! Ora, se a coisa “funcionou” uma vez, talvez volte a resultar. Dito isto, o desnorteado do dono do cacto Saloio, perante aquela desilusão, perante um tronco a desaparecer e bocados do cacto caídos na terra, no meio do vaso, pegou em dois bocados, em duas “hastes” e, zumba, ali mesmo, no mesmo vaso, enterrou-as na terra ainda encharcadíssima do último “dilúvio”.
Agora, uns meses passados e, menos água em cima, não é que os dois minúsculos cactos, os Saloiozinhos, numa demonstração de longevidade, parecem querer dizer que estão ali, que estão para durar, que são a continuidade, apenas de forma diferente, do cacto Saloio!
A vida prolonga-se na descendência. Que grande filósofo. Longa vida ao cacto Saloio!
Apenas um pormenor, o cacto Saloio, daqui de São Brás, tinha prometido umas crónicas, uns relatos do que ia vendo da janela, não era? Pois é, mas neste caso, nem em bicos dos pés, como se costuma dizer: “Cresce e aparece”. Daqui a uns anos, quando os cactos conseguirem espreitar pela janela, teremos essas crónicas. Por enquanto só conseguem ver o céu, os pássaros a voar, os aviões a passar e o topo das árvores, por esta janela, a da cozinha do seu dono, mas de pescoço bem esticado e com as cabeças viradas para cima, a observar o que se passa, lá no alto, por cima do parapeito da dita janela. Pode ser que lhes dê para se virarem para dentro, que lhes dê para escreverem crónicas, não sobre o que se passa no exterior, mas sobre o que vão vendo cá dentro. E aí este seu dono não ficará muito bem no retrato. Aquele ar não engana ninguém!