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Correspondente no Casal de S. Brás

Objectivo: ”coscuvilhar” assuntos aqui da terrinha e arredores.

Correspondente no Casal de S. Brás

Objectivo: ”coscuvilhar” assuntos aqui da terrinha e arredores.

A casa da Ordem de Malta (Núcleo museológico da Falagueira)

correspondente, 14.03.12

“O Casal da Falagueira constitui uma pequena parcela do que terá sido o território rural do concelho antes do boom demográfico e urbanístico responsável pela transformação de grande parte do município num dos maiores aglomerados populacionais do país. Não se sabe, ao certo, quando terá sido construído o conjunto urbano que o define, mas não restam dúvidas de que, na origem, fez parte do núcleo antigo da aldeia da Falagueira. A sua relevância na história da Amadora fez com que, em redor do conjunto, se definisse um amplo espaço verde, conhecido como Parque Urbano da Ribeira da Falagueira, no fundo dando resposta à individualização deste marco patrimonial na primitiva relação com esta ribeira.

Os elementos materiais mais antigos conservados remontam aos séculos XVI-XVII, época de pleno desenvolvimento da ruralidade em torno de Lisboa, que tinha na capital o seu destino preferencial de escoamento de produtos. Infelizmente, com o passar do tempo, o conjunto foi parcialmente amputado, destruindo-se uma parte significativa do núcleo habitacional e encontrando-se em ruínas a azenha que fazia a ligação à ribeira, um engenho de tipo tradicional, inserido no grupo dos moinhos de água de roda vertical.

Ainda assim, o que chegou até hoje do edifício principal revela uma arquitectura até certo ponto cuidada, diferenciada das modestas habitações de pequenos proprietários rurais que polvilharam a região saloia. As cantarias são de fino recorte e, em redor da casa, localizava-se um complexo sistema de captação de águas da ribeira, que chegava a vencer 8 metros de altura. Este dispositivo hidráulico era ainda complementado por duas pontes, uma das quais redireccionando o curso da ribeira, por forma a melhor aproveitar as suas margens. Em termos volumétricos, a casa é também excepcional, com dois pisos que possibilitaram certamente uma racionalidade de espaços consoante as funções requeridas (normalmente, o piso térreo era aproveitado como zona de actividade, de arrumos e de apoio aos trabalhos agrícolas, enquanto que o andar superior estava destinado à família proprietária, imitando, aqui, o modelo de solar moderno escolhido por grande parte da nobreza fundiária da época).

O casal é também conhecido como Casa da Ordem de Malta, por ostentar, à entrada e sobre o portão principal da quinta, uma cruz daquela Ordem, elemento que só vem reforçar a importância e a relativa dimensão à escala local/regional deste conjunto. A cruz é já claramente de época moderna, mas não deixa de ser um poderoso símbolo evocador de um presumível passado medieval, consumado na primeira referência documental que menciona a Falagueira: um testamento de 1268, de um tal Vasco Martins, Cavaleiro da Ordem do Hospital (que antecedeu a de Malta).”

 

Em: http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/7695183/

 

Nota: Aproveitei para colocar aqui este excerto, porque relaciona-se com o tema anterior, com a ribeira da Falagueira. E porque, por aquilo que aprendi na “cadeira” relacionada com o mundo rural na Idade Média, a “posse” de um engenho, como uma azenha (também se aplicava aos moinhos de vento, mas a importância era menor), demonstrava muito, quanto à importância dos seus “possuidores”, passe o exagero, uma azenha, equivaleria hoje, a uma autoeuropa.

Pronto, no próximo post, voltarei à História (donde, de facto, não saí!).